HIPÓTESES DE ESCRITA DOS ALUNOS
De acordo com as pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, já replicadas no mundo inteiro, as crianças elaboram diferentes hipóteses sobre o funcionamento do sistema de escrita - com quantas letras se escreve uma palavra, quais são elas e em que ordem elas aparecem. Na fase em que o aluno adota simplesmente o critério de que, para escrever, é preciso uma quantidade de letras (no mínimo três) diferentes entre si, a hipótese é considerada pré-silábica. Quando passa a registrar uma letra para cada emissão sonora, ela está no nível silábico - inicialmente sem valor sonoro e depois com a correspondência sonora nas vogais e/ou nas consoantes. Na hipótese silábico-alfabética, as escritas incluem sílabas representadas com uma única letra e outras com mais de uma letra. E, finalmente, quando começa a representar cada fonema com uma letra, considera-se que ele compreende o princípio alfabético de nossa escrita. No entanto, mesmo nessa fase, os alunos ainda apresentam erros de ortografia.
Veja como poderia ser a escrita da palavra "CAMISETA" de acordo com cada hipótese:
■ Pré-silábica: P B V A Y O
■ Silábica sem valor sonoro: E R F E
■ Silábica com valor sonoro: K I Z T
■ Silábico-alfabética: K A I Z T A
■ Alfabética: C A M I Z E T A
■ Silábica sem valor sonoro: E R F E
■ Silábica com valor sonoro: K I Z T
■ Silábico-alfabética: K A I Z T A
■ Alfabética: C A M I Z E T A
Nesse último exemplo, temos o que já seria considerada uma escrita alfabética, mas ainda com um erro ortográfico, que precisa ser trabalhado pela professora.
O VALOR DO DIAGNÓSTICO
Conhecer o nível em que está a turma é essencial durante a alfabetização - e no decorrer de toda a escolaridade. Percebendo os avanços e as dificuldades dos pequenos, você consegue planejar uma boa aula e propor atividades adequadas para levar cada um a se desenvolver ainda mais e chegar ao fim do ano lendo e escrevendo. Essa avaliação deve ser feita logo no início do ano e repetida no mínimo uma vez por bimestre.
Para realizá-la adequadamente, é preciso escolher como atividade algo que seja feito regularmente, como as listas - de frutas, cores, animais etc. "O professor deve, primeiro, avisar a turma sobre o tema da lista e depois ditar as palavras, sem marcar as sílabas", explica a formadora Beatriz Gouveia. Como os alunos já conhecem o tema que deve ser posto no papel, os alunos podem pensar mais em como escrever (quantas e quais letras usar, por exemplo).
O Módulo 1 do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do MEC, traz uma sugestão: ditar uma lista de quatro palavras (uma polissílaba, uma trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba). É preciso tomar o cuidado para que as sílabas próximas contenham vogais diferentes. Isso porque a maioria das crianças que começa a se familiarizar com o sistema de escrita inicia os registros apenas com vogais e acredita que é necessário usar letras diferentes para escrever. Portanto, se você ditar "arara", muitos poderiam querer escrever A A A e achar que isso não faz sentido.
Como elas acham ainda que as palavras devem ter um número mínimo de letras - por volta de três -, se você ditar só monossílabos elas também podem se recusar a escrever. Veja aqui dois exemplos possíveis: itens para um lanche coletivo (refrigerante, manteiga, queijo, pão) e bichos vistos no zoológico (rinoceronte, camelo, zebra, boi). Com essas palavras, você provoca o estudante a refletir sobre a forma de representação.
Terminado o ditado, peça que cada um leia o que escreveu. "Essa leitura é tão ou mais importante do que a própria escrita, pois é ela que permite ao professor verificar se o aluno estabelece algum tipo de correspondência entre partes do falado e partes do escrito", aponta o Profa. Para finalizar, registre tudo. Com esse material, fica mais fácil planejar atividades que façam os alunos avançar, acompanhar a evolução de cada um e montar os agrupamentos produtivos. É preciso lembrar também que, no dia-a-dia, mesmo sem essa sondagem, é possível verificar como a turma está se saindo individual e coletivamente.
AGRUPAMENTOS PRODUTIVOS
Para toda criança, confrontar suas idéias com as dos colegas e oferecer e receber informações é essencial. Essa troca, que leva ao avanço na aprendizagem, precisa ser bem planejada. É essencial conhecer quanto os alunos já sabem sobre o desafio que será proposto, já que a organização da turma não pode ser aleatória. "Se o objetivo é que eles decidam conjuntamente sobre a escrita de um texto, é importante juntar os que apresentam níveis diferentes, mas próximos entre si, para que haja uma verdadeira troca", afirma Beatriz Gouveia. Quando se reúnem crianças de níveis muito diferentes, acaba-se reproduzindo a situação escolar de "alguém que ‘sabe’ mais que os demais, obrigando os outros a uma atitude passiva de recepção", como explica Ana Teberosky no livro Os Processos de Leitura e Escrita. Assim, numa situação de escrita, é possível organizar duplas com crianças de níveis diferentes, porém próximos, como as mostradas a seguir:
■ As de hipótese pré-silábica com as de hipótese silábica sem valor sonoro.
■ As de hipótese silábica sem valor com as de hipótese silábica com valor.
■ As de hipótese silábica com valor com as de hipótese silábico-alfabética.
■ Os já alfabéticos trabalham entre si.
Há os casos em que toda a turma pode atuar na mesma atividade, como a produção de texto oral com destino escrito, quando os alunos ditam para o professor ou a leitura pelo professor e posterior discussão pela classe.
O sucesso no trabalho com agrupamentos produtivos depende do tipo de tarefa: ela deve ser sempre desafiadora para que a turma use tudo o que sabe na sua resolução e, assim, possa evoluir. Atuar em duplas pressupõe também que as crianças já conheçam o conteúdo para fazer alguns progressos sem a intervenção direta e constante do professor (mesmo porque é impossível acompanhar todos, o tempo todo, em suas carteiras). Lembre: se os grupos têm níveis diferentes, você deve levar isso em conta também na hora de fazer suas intervenções para que eles estabeleçam novas relações. Isso vale para as perguntas que você fizer e também para as informações que der.
ACESSO À DIVERSIDADE DE TEXTOS
Para grande parte das crianças brasileiras, a escola representa o único meio de contato com o universo da escrita. Assim, cabe a você garantir a elas o acesso à maior diversidade possível de textos - literatura, reportagens, manuais de instruções, anúncios publicitários etc. Mais do que isso, é necessário apresentá-los no contexto em que são utilizados. Só assim os estudantes saberão como lidar de maneira adequada com cada um deles no dia-a-dia. "A criança deve saber que, socialmente, textos literários costumam ser lidos por prazer, diferentemente de um manual de montagem de um produto, que tem o objetivo prático de fazê-lo funcionar corretamente", afirma Beatriz Gouveia.
Nas aulas, é necessário mostrar que um livro de literatura se lê passando página por página e olhando as ilustrações até chegar ao fim e que um dicionário - que também tem a forma de um livro - é útil para verificar a grafia das palavras. Já o jornal pode ser consultado, por exemplo, quando se quer ler uma notícia. Até mesmo o rótulo de um produto pressupõe comportamentos leitores específicos: ali podem ser buscados os ingredientes e o valor nutricional.
Sua tarefa é formar pessoas que tenham familiaridade com a leitura e seus propósitos, ou seja, que compreendam o que leem e enxerguem nela uma maneira de se informar e se desenvolver pessoalmente.
Retirado da Revista Nova Escola
quarta-feira, 19 de março de 2014
Jogos na Psicogênese – Uma Proposta de Interferência em cada Nível–atividades lúdicas
Demonstração de diversos jogos que podem ser usados nos níveis da psicogênese, com objetivos definidos não só do avanço nas hipóteses, como oportunizar, através do lúdico, vários momentos ao aluno de repensar sua escrita.
Os jogos , são ferramentas pedagógicas que mais possibilidades oferecem aos alunos em construir o conhecimento, principalmente na aquisição da escrita e da leitura, pois são significativos, divertidos, levando-se em conta que vários aspectos do desenvolvimento da psicomotricidade e do comportamento social são alcançados:
- atenção;
- concentração;
- coordenação motora;
- lateralidade;
- estrutura espacial ; limites;
- valores.
Nível Pré-Silábico
Neste nível da Psicogênese um dos jogos mais importantes,
Sons Iniciais e Sons Finais. Através destes jogos ou de atividades em que se usa miniaturas, imagens… o aluno vai construir o conhecimento de que na escrita há uma relação entre letra e som, entre grafema efonema. É importante a percepção fonológica na escrita, pois a aquisição deste conhecimento vai ser transposto na construção de novas palavras, e no avanço para outros níveis. Lembrando que nem todos os jogos devem ser comprados prontos, mas podem ser confeccionados pelo professor.
Nível Silábico
A sonoridade das letras é um jogo que pode seguir os níveis pré-silábico,silábico e silábico/alfabético. O professor ao trabalhar neste níveis,
deve da muita ênfase na pronúncia das palavras, aproximando muito do “fônico”, trabalhando muito a postura do corpo, também.
deve da muita ênfase na pronúncia das palavras, aproximando muito do “fônico”, trabalhando muito a postura do corpo, também.
O jogo encaixe letras/figuras vai de forma lúdica levar o concreto para o abstrato, em que o aluno vai relacionar som/imagem, o que neste nível da psicogênese é importante para que o aluno avance na construção das hipóteses.
Nível silábico/alfabético
No nível silábico/alfabético, recomenda-se os Jogos “Batalha de Palavras” e “Letra Letra”.Neste nível, os alunos necessitam perceber que as palavras tem um determinado número de letras. Da mesma forma que que ele, nesta hipótese já avançou na construção do conhecimento da sonoridade, dos sons iniciais, sons finais, a descoberta de quantas letras ele vai usar na palavra que quer registrar, é fundamental para que possa passar ao nível alfabético, sem disparidades.
Nível Alfabético
Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo
que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro
menor do que a sílaba e também domina as convenções ortográficas.
Quando o aluno vem avançando nas hipóteses, através de jogos, de atividades escritas como produção de textos ( com rimas, parlendas, quadrinhas e etc.) reconto coletivo, autocorreção e correção coletiva, no
Quando o aluno vem avançando nas hipóteses, através de jogos, de atividades escritas como produção de textos ( com rimas, parlendas, quadrinhas e etc.) reconto coletivo, autocorreção e correção coletiva, no
nível alfabético ele vai brincar com mais autonomia com letras e palavras.
E a sugestão de jogos para este nível:
- Troca Letras ( quando vai construir, destruir e reconstruir novas palavras através de novas descobertas);
ogatocomeuorato.
E uma atividade excelente para que o aluno desenvolva a escrita correta,
além dos ditados de frases, ou palavras e muita leitura (textos de
pequena ), outra sugestão é atividade escrita o impresso e ilustrado), em que todo o texto vem com as palavras aglutinação, o professor faz a leitura, depois lê com os alunos e depois da descoberta de que as palavras estão grudadas, ( O professor faz as duas leituras: pausada e aglutinada), os alunos vão separar as palavras como no modelo:
pequena ), outra sugestão é atividade escrita o impresso e ilustrado), em que todo o texto vem com as palavras aglutinação, o professor faz a leitura, depois lê com os alunos e depois da descoberta de que as palavras estão grudadas, ( O professor faz as duas leituras: pausada e aglutinada), os alunos vão separar as palavras como no modelo:
Desenvolvendo a leitura e a escrita, produções, reconto, através de
pequenos textos ilustrados(imagens, fotos, gravuras que sejam
significativas de acordo com a vivência ou do imaginário, e o
conhecimento prévio dos alunos.
A importância do lúdico na aprendizagem, e que os resultados de sucesso da alfabetização tem na ludicidade uma ferramenta , que a princípio pode parecer que demanda muito trabalho por parte do professor, mas que se ele desde o início, adota esta prática com sua turma as dificuldades em coordenar as atividades vão fazendo parte, naturalmente, da rotina da sala de aula.
Retirado do blogger Só Atividades Para a Sala de Aula - Pedagogia Hoje
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Aprendizado Inicial da Escrita
A questão da alfabetizaçao e do letramento abordada em diferentes dimensões e formatos.
São infográficos interativos e conteúdos multimídia que possibilitam
uma imersão do educador por temáticas relacionadas a práticas de
leitura e escrita.
Os materiais são produzidos por pedagogos e especialistas da área
de Língua Portuguesa a fim de propiciar uma nova maneira de ler e
conhecer o tema abordado.
Clique aqui para entrar na aprendizagem Inicial da Escrita
Retirado do site da Plataforma do Letramento
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Conhecer como se aprende para saber como ensinar
As pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky sobre a psicogênese da língua escrita demonstram como se constrói, em três níveis evolutivos, a compreensão do sistema alfabético de representação da língua, permitindo definir atividades e intervenções pedagógicas que favorecem a compreensão da escrita e a superação das dificuldades desta aprendizagem.
1. Nível pré-silábico: neste nível, a criança não estabelece relações entre a escrita e a pronúncia. Nesta fase, ela expressa sua escrita através de desenhos, rabiscos e letras usadas aleatoriamente, sem repetição e com o critério de no mínimo três. Aqui, a criança nem desconfia que as letras possam ter qualquer relação com os sons da fala. Ela só sabe que se escreve com símbolos, mas não relaciona esses símbolos com a linguagem oral. Acha que coisas grandes devem ter nomes com muitas letras e coisas pequenas nomes com poucas letras.É a fase do "realismo nominal", expressão utilizada por Piaget para designar a impossibilidade de conceber a palavra e o objeto a que se refere como duas realidades distintas. Assim, a criança pensa que a palavra trem é maior que telefone, porque representa um objeto maior e mais pesado. A superação do realismo nominal, pela percepção de que a palavra escrita, diferentemente do desenho, não representa o objeto, mas seu nome, é indispensável para o sucesso na alfabetização.
OBS: Alguns autores citam o nível Pré-silábico I, que é quando o aluno pensa que se escreve com desenhos. As letras não querem dizer nada para ele. A professora pede que ele escreva "bola", por exemplo, e ele desenha uma bola Conflito que levará ao próximo nível: a percepção de que há estabilidade nas palavras (há uma forma única para escrever corretamente cada palavra). Dicas: usar, na escrita, a letra de imprensa maiúscula (de forma ou bastão) favorece a percepção das unidades sonoras e diminui o esforço e as dificuldades psicomotoras. A letra manuscrita (cursiva) só deve ser introduzida quando a criança adquire a base alfabética. A alfabetização deve ser iniciada com palavras de significado para a criança, como seu próprio nome, e não com palavras pequenas (pá, pé, nó) ou com sílabas repetidas (babá, Lili).
Sugestões de atividades para o nível pré-silábico: Iniciar pelos nomes dos alunos escritos em crachás, listados no quadro ou em cartazes; Identificar o próprio nome e depois o de cada colega, percebendo que nomes maiores podem pertencer às crianças menores e vice-versa; Classificar os nomes pelo som inicial ou por outros critérios; Organizar os nomes em ordem alfabética, ou em “galerias” ilustradas com retratos ou desenhos; Criar jogos com os nomes (“lá vai a barquinha”, dominó, memória, boliche, bingo); Fazer contagem das letras e confronto dos nomes; Confeccionar gráficos de colunas com os nomes seriados em ordem de tamanho (número de letras). Fazer estas mesmas atividades utilizando palavras do universo dos alunos: rótulos de produtos conhecidos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras conhecidas).
2. Nível silábico: a criança descobre a lógica da escrita, percebendo a correspondência entre a representação escrita das palavras e as propriedades sonoras das letras, mas pensa que cada letra representa é uma sílaba oral, ou seja, usa ao escrever uma letra para cada emissão sonora (cada sílaba). Conflito que levará ao próximo nível: impossibilidade de ler silabicamente o que os outros escrevem (sobram letras).
Dicas: a hipótese silábica é uma construção da criança e o treino descontextualizado e mecânico das sílabas não a favorece. O professor provocará o conflito que a possibilita com intervenções e atividades que ajudem a perceber a estabilidade da escrita convencional, no confronto com palavras já conhecidas (nomes dos colegas, produtos). Quando a criança lê o que escreveu percorrendo a palavra com o dedo percebe que sobram letras (hipótese pré-silábica) ou faltam (hipótese silábica), facilitando a construção da hipótese alfabética.
Sugestões de atividades para o nível silábico: Fazer listas e ditados variados (de alunos ausentes/ presentes, livros de histórias, ingredientes para uma receita, nomes de animais, questões para um projeto); Usar jogos e brincadeiras (forca, cruzadinhas, caça-palavras); Organizar supermercados e feiras; Fazer “dicionário” ilustrado com as palavras aprendidas, diário da turma, relatórios de atividades ou projetos com ilustrações e legendas; Propor atividades em dupla (um dita e outro escreve), para reescrita de notícias, histórias, pesquisas, canções, parlendas e trava-línguas.
3. Nível alfabético: caracteriza-se pela correspondência entre fonemas e grafemas, quando a criança compreende a organização e o funcionamento da escrita e começa a perceber que cada emissão sonora (sílaba) pode ser representada, na escrita, por uma ou mais letras. A base alfabética da escrita se constrói a partir do conflito criado pela impossibilidade de ler silabicamente a escrita padrão (sobram letras) e de ler a escrita silábica (faltam letras). Neste nível, a criança, embora já alfabetizada, escreve ainda foneticamente (como se pronuncia), registrando os sons da fala, sem considerar as normas ortográficas da escrita padrão e da segmentação das palavras na frase. Segundo Ferreiro e Teberosky (1991), "aqui a criança já compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores que a sílaba. Isto não quer dizer que todas as barreiras tenham sido superadas: a partir deste momento, a criança se defrontará com as dificuldades da ortografia, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido estrito.”
Dicas: o tempo necessário para avançar de um nível para outro varia muito. A evolução pode ser facilitada pela atuação significativa do professor, sempre atento às necessidades observadas no desempenho de cada aluno, organizando atividades adequadas e colocando, oportunamente, os conflitos que conduzirão ao nível seguinte. O uso da metodologia contrastiva, permitindo que a criança confronte sua hipótese de escrita com a forma padrão (nos diversos materiais de leitura já conhecidos) são um importante recurso para a estabilização da escrita ortográfica. A sistematização do processo de alfabetização se dará ao longo dos anos subseqüentes. Na medida em que o aluno adquire segurança no contato prazeroso, contextualizado e significativo com a língua escrita, sua leitura torna-se mais fluente e compreensiva. Por meio da leitura, o aluno assimila, aos poucos, as convenções ortográficas e gramaticais, adquirindo competência escritora compatível com as exigências da escrita socialmente aceita. Desenvolve-se, assim, o gosto e o interesse pela leitura e a habilidade de inferir, interpretar e extrapolar as idéias do autor, formando-se o leitor crítico
1. Nível pré-silábico: neste nível, a criança não estabelece relações entre a escrita e a pronúncia. Nesta fase, ela expressa sua escrita através de desenhos, rabiscos e letras usadas aleatoriamente, sem repetição e com o critério de no mínimo três. Aqui, a criança nem desconfia que as letras possam ter qualquer relação com os sons da fala. Ela só sabe que se escreve com símbolos, mas não relaciona esses símbolos com a linguagem oral. Acha que coisas grandes devem ter nomes com muitas letras e coisas pequenas nomes com poucas letras.É a fase do "realismo nominal", expressão utilizada por Piaget para designar a impossibilidade de conceber a palavra e o objeto a que se refere como duas realidades distintas. Assim, a criança pensa que a palavra trem é maior que telefone, porque representa um objeto maior e mais pesado. A superação do realismo nominal, pela percepção de que a palavra escrita, diferentemente do desenho, não representa o objeto, mas seu nome, é indispensável para o sucesso na alfabetização.
OBS: Alguns autores citam o nível Pré-silábico I, que é quando o aluno pensa que se escreve com desenhos. As letras não querem dizer nada para ele. A professora pede que ele escreva "bola", por exemplo, e ele desenha uma bola Conflito que levará ao próximo nível: a percepção de que há estabilidade nas palavras (há uma forma única para escrever corretamente cada palavra). Dicas: usar, na escrita, a letra de imprensa maiúscula (de forma ou bastão) favorece a percepção das unidades sonoras e diminui o esforço e as dificuldades psicomotoras. A letra manuscrita (cursiva) só deve ser introduzida quando a criança adquire a base alfabética. A alfabetização deve ser iniciada com palavras de significado para a criança, como seu próprio nome, e não com palavras pequenas (pá, pé, nó) ou com sílabas repetidas (babá, Lili).
Sugestões de atividades para o nível pré-silábico: Iniciar pelos nomes dos alunos escritos em crachás, listados no quadro ou em cartazes; Identificar o próprio nome e depois o de cada colega, percebendo que nomes maiores podem pertencer às crianças menores e vice-versa; Classificar os nomes pelo som inicial ou por outros critérios; Organizar os nomes em ordem alfabética, ou em “galerias” ilustradas com retratos ou desenhos; Criar jogos com os nomes (“lá vai a barquinha”, dominó, memória, boliche, bingo); Fazer contagem das letras e confronto dos nomes; Confeccionar gráficos de colunas com os nomes seriados em ordem de tamanho (número de letras). Fazer estas mesmas atividades utilizando palavras do universo dos alunos: rótulos de produtos conhecidos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras conhecidas).
Dicas: a hipótese silábica é uma construção da criança e o treino descontextualizado e mecânico das sílabas não a favorece. O professor provocará o conflito que a possibilita com intervenções e atividades que ajudem a perceber a estabilidade da escrita convencional, no confronto com palavras já conhecidas (nomes dos colegas, produtos). Quando a criança lê o que escreveu percorrendo a palavra com o dedo percebe que sobram letras (hipótese pré-silábica) ou faltam (hipótese silábica), facilitando a construção da hipótese alfabética.
Sugestões de atividades para o nível silábico: Fazer listas e ditados variados (de alunos ausentes/ presentes, livros de histórias, ingredientes para uma receita, nomes de animais, questões para um projeto); Usar jogos e brincadeiras (forca, cruzadinhas, caça-palavras); Organizar supermercados e feiras; Fazer “dicionário” ilustrado com as palavras aprendidas, diário da turma, relatórios de atividades ou projetos com ilustrações e legendas; Propor atividades em dupla (um dita e outro escreve), para reescrita de notícias, histórias, pesquisas, canções, parlendas e trava-línguas.
Dicas: o tempo necessário para avançar de um nível para outro varia muito. A evolução pode ser facilitada pela atuação significativa do professor, sempre atento às necessidades observadas no desempenho de cada aluno, organizando atividades adequadas e colocando, oportunamente, os conflitos que conduzirão ao nível seguinte. O uso da metodologia contrastiva, permitindo que a criança confronte sua hipótese de escrita com a forma padrão (nos diversos materiais de leitura já conhecidos) são um importante recurso para a estabilização da escrita ortográfica. A sistematização do processo de alfabetização se dará ao longo dos anos subseqüentes. Na medida em que o aluno adquire segurança no contato prazeroso, contextualizado e significativo com a língua escrita, sua leitura torna-se mais fluente e compreensiva. Por meio da leitura, o aluno assimila, aos poucos, as convenções ortográficas e gramaticais, adquirindo competência escritora compatível com as exigências da escrita socialmente aceita. Desenvolve-se, assim, o gosto e o interesse pela leitura e a habilidade de inferir, interpretar e extrapolar as idéias do autor, formando-se o leitor crítico
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