Contação de histórias e interação social
A contação de histórias é uma atividade interativa, potencializadora da linguagem da criança como espaço de recuperação do sujeito ator e autor de seu desenvolvimento. As crianças, enquanto interagem no mundo da fantasia, expressam suas opiniões.
Aspecto mais importante da interação social é que ela provoca uma modificação de comportamento nos indivíduos envolvidos, como resultado do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Por isso, fica claro que o simples contato físico não é suficiente para que haja interação social. Por exemplo, se alguém se senta ao lado de outra pessoa num ônibus, mas ambos não conversam, não está havendo interação social (embora a presença de uma das pessoas influencie, as vezes, um pouco o comportamento da outra).
Contos desenhados
Todos nós sabemos que a formação de um leitor começa quando ele ouve histórias. Estes contos oferecem uma oportunidade inovadora que é a de contar e desenhar a história ao mesmo tempo, despertando no leitor ouvinte uma curiosidade jamais experimentada. Os contos reunidos neste livro são singelos, gostosos e muito fáceis de desenhar. Ao lado de cada história, um desenho de referência é desenvolvido passo a passo. O sucesso com as crianças é garantido. Per Gustavsson é contadora de histórias em Ljungby, Suécia.
Não existia quase nada escrito em sueco sobre contos desenhados.Tampouco havia registros sobre eles no arquivos históricos do país. Isto não significa que o gênero seja novo, mas apenas que os que coletam e registram lembranças do folclore não se preocuparam em registrar este aspecto da cultura popular.
As histórias desenhadas, como gênero, podem se enquadrar em diferentes áreas de pesquisa. Não são considerados contos tradicionais nem poemas. Nem pertencem ao gênero de arte pictórica. Histórias desenhadas unem historia com imagem e pertencem à tradição de contar histórias. Quando apenas escritas, elas chegam a parecer até banais, pois é na forma de contar e ilustrar que se tornam realmente fascinantes. Tiveram sua origem pelo menos na segunda metade do século XIX. O arquivo dos dialetos e memória do folclore de uppsala (cidade e município da Suécia, famosa por ser uma cidade universitária) possui uns vinte registros de contos desenhados. Na maioria, trata-se de variantes da conhecida história “O gato”. Os mais antigos são dois registros de 1896. Nas últimas décadas, somente umas poucas histórias desenhadas foram publicadas em antologias e manuais. O recém-despertado interesse pelos contos desenhados está ligado a ampliação da Educação Infantil e pelo fato de a literatura infantil ter conquistado mais espaço na pedagogia, depois da segunda grande guerra.
Muitos professores tiveram o primeiro contato com os contos desenhados durante sua formação acadêmica, e descobriram que as crianças realmente se interessam por essa forma de narrativa. Essas publicações são muito limitadas, e muitas das versões nelas estampadas são repetições das já conhecidas. Estes contos estimularam e inspiraram educadores a criarem outros contos.
O conto do gato, que termina em um desenho de gato feito pelo próprio contador é uma brincadeira muito conhecida na Suécia. Dele existem outras versões, o que se aplica à poesia, à prosa e aos relatos folclóricos também se aplica aos contos desenhados. Com o passar dos anos, eles vão se modificando ao serem transmitidos de geração para geração. Mesmo que a essência permaneça a mesma, cada contador passa a contar e a desenhar a história a seu modo.
Gustavsson ( 2000 ) ressalta que, o que fez o conto do gato se tornar tão popular foi a singeleza, simplicidade e o final surpreendente. A história deslancha com bastante naturalidade e o gato é fácil de ser desenhado, independentemente de se ter ou não jeito para desenho. Esse é o grande segredo dos contos que ganharam muita popularidade. Houveram várias edições diferentes de livros com este conto, inclusive mudança na história algumas vezes. Por exemplo, na Noruega ele recebe um título diferente: “o gato das velhinhas” que é uma tradução das tradições folclóricas norueguesas, onde houve alteração também dos protagonistas. Esta é uma coletânea sueca de contos desenhados traduzida para o português. Ela contém tanto as histórias tradicionais como muitas outras, recém criadas. Além de lhe dar a oportunidade de aprender e desenhar historinhas, a coletânea vai incentivar as pessoas a inventarem as suas próprias.
Mas o livro não deve ser lido junto com a criança, pois nesse caso a magia do conto desaparecerá, uma vez que a criança irá saber de antemão o que vai acontecer. Gustavsson (2000) afirma que cada história deve ser contada sem o livro, assim o desenho poderá, aos poucos, ir tomando forma no papel. Assim, não precisa se sentir preso ao texto.
Quando for contar uma história, faça como os contadores sempre fizeram:aumente um pouco aqui, tire um pouco dali, de modo que o texto e o desenho se adaptem tanto ao seu jeito de contar quanto ao interesse das crianças que estão ouvindo. Quando lidas no livro as histórias podem parecer simplórias, mas será o seu modo de contar que dará vida a elas. Até mesmo o fim de cada texto fica muito melhor quando contada com entusiasmo. A criança vai desvendando o desenho no final da história.
Interação social
Toda a estrutura educacional está organizada com o intuito de promover a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano. Há diferentes visões e explicações para compreender a forma como um sujeito aprende e se desenvolve.
Todo Homem se constitui como ser humano pelas relações que estabelece com os outros. Desde o nosso nascimento somos socialmente dependentes dos outros e entramos em um processo histórico que, de um lado, nos oferece os dados sobre o mundo e visões sobre ele e, de outro, permite a construção de uma visão pessoal sobre este mesmo mundo.
"Para o processo interativo é importante a criança ter a possibilidade de falar, se expressar e levantar hipóteses, chegando assim a conclusões que ajudem o aluno a perceber parte de um processo dinâmico de construção."
Para um maior conhecimento sobre esse assunto, é essencial ter como basea teoria de Vygotsky. Ele idealiza o desenvolvimento humano a partir das relações sociais que a pessoa estabelece no decorrer da vida. Nesse referencial, o processo de ensino-aprendizagem também se constitui dentro de interações que vão se dando nos diversos contextos sociais.
A sala de aula deve ser considerada um lugar privilegiado de sistematização do conhecimento e o professor um articulador na construção do saber.
Segundo Vygotsky (1998), o meio afeta o indivíduo, provocando mudanças que serão refletidas novamente no meio, recomeçando o processo num processo que se assemelha a uma espiral ascendente. Dentro dessa perspectiva, ele considera a aprendizagem como um processo social no qual os sujeitos constróem seus conhecimentos através da sua interação com o meio e com os outros, numa inter-relação constante entre fatores internos e externos. O processo de transformação da aprendizagem de um processo que inicia social e vai tornando- se individual, foi chamado por Vygotsky de internalização.
A internalização dos processos psicológicos superiores, segundo Vygotsky, é,[...] a re-construção interna de uma operação externa [...] (1998, p.74).A interação social representa um elemento necessário ao processo de aprendizagem e de desenvolvimento do indivíduo. A noção de interação é entendida como "ação entre/junto com”. Assim interação é a ação conjunta e interdependente de dois ou mais participantes que produz mudanças tanto nos sujeitos como no contexto no qual a interação se desenvolve.
Numa interação social existem alguns elementos essenciais: a presença de pelo menos duas pessoas, e a relação de reciprocidade que se estabelece entre os participantes. Portanto, a interação social implica na participação ativa dos sujeitos num processo de intercâmbio, ao qual aportam diferentes níveis de experiências e conhecimentos. É claro que nem toda interação social implica numa aprendizagem, existindo categorias de interações das puramente sociais até as didáticas. É através dessas interações de caráter didático, que os sujeitos "aprendem", ou seja se apropriam do conhecimento, não como um objeto, que pode ser avaliado e observado independente do sujeito-observador, mas conhecimento como uma forma de ser, isto é, conhecimento como ação adequada num contexto determinado (SIMON, 1987). Em outras palavras, o conhecimento como interação pois,[...] conhecimento é, ao mesmo tempo, atividade (cognição) e produto dessa atividade. (MORIN, 1986, p. 247).
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